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Um mês seguido de seca causou perdas na safra 2014/2015 e já foram adotadas medidas em diversas frentes para reduzir impacto da falta de chuvas
Estudo realizado ao longo das últimas semanas pela Secretaria de Agricultura (Sagri) em parceria com o Sindicato Rural (SRU) e a Emater constatou perda de 30% a 50% nas lavouras de Uberaba devido à estiagem prolongada. Especialistas colocam expectativa nas chuvas previstas para as próximas semanas, mas laudo parcial demonstra perdas visíveis na produção de grãos. Para resguardar o produtor rural, o prefeito Paulo Piau atendeu à solicitação de decretar estado de emergência.
“Depois de entendermos que o veranico – que acontece normalmente em janeiro – causou uma seca muito grande, fomos a campo juntamente ao Sindicato Rural e a Emater. Dividimos o município em várias regiões e os técnicos foram verificar as pastagens, os cursos d'água e as lavouras para que pudéssemos fazer um diagnóstico. Na nossa região parou de chover em 23 de dezembro e voltou a chover só em 24 de janeiro, ou seja, tivemos um mês sem chuvas em grande parte do nosso município”, explica o secretário de Agricultura, Danilo Siqueira.
A perspectiva para este ano era superar a produção da última safra, quando também houve perdas. Contudo, a situação se agravou. “Em 2013, com a antecipação das chuvas para outubro, o produtor precavido plantou mais cedo e colheu antes do veranico de janeiro. Este ano, não. As chuvas demoraram a iniciar em outubro/novembro de 2014 e o pessoal teve de plantar tardiamente. Com isso, o veranico pegou as culturas bem no meio da formação”, observa.
Com a previsão de chuvas para as próximas semanas, o monitoramento da situação agropecuária em Uberaba continua, a fim de verificar possível melhora no setor. Órgãos como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) serão acionados para colaborar em estudos e pesquisas mais apuradas.
Com o decreto, o produtor pode requerer junto ao agente financeiro prorrogação do financiamento ou acionar o seguro rural. De acordo com Siqueira, a determinação também permite ao governo desenvolver políticas governamentais específicas para a região onde a seca está ocorrendo.
Impacto financeiro – Para o secretário, ainda é precoce a análise do impacto financeiro da estiagem. Embora nas plantações de soja e milho as perdas sejam visíveis, as usinas de cana-de-açúcar ainda não divulgaram o balanço da produção de cana. Ao mesmo tempo, a chuva das próximas semanas leva expectativa aos produtores. Ainda segundo Danilo, caso haja chuva durante a safrinha do milho, o prejuízo poderá ser amortecido.
“No caso de os números se confirmarem, com certeza haverá impacto. Se a pastagem fica menor, o gado diminui de peso e a produção de carne diminui. Continua havendo demanda, mas pouca oferta, o que faz o preço subir. Com o uso da silagem obtida do milho, que complementa a alimentação do gado, o custo da carne também será maior, o que reflete no preço repassado para o consumidor”, analisa.
Pequeno produtor – A Secretaria de Agricultura se dedica principalmente à agricultura familiar. Hoje são atendidos 353 agricultores familiares inscritos no Programa de Aquisição de Alimentos que produzem, principalmente, hortaliças. Há também vários outros que comercializam seus produtos na Central de Abastecimento (Ceasa) do município.
Segundo Danilo, a seca os afeta diretamente e a pasta já busca alternativa para ajudá-los. “Nas zonas do semiárido, existe um seguro para o pequeno produtor chamado Garantia Safra, que não atende à região sudeste. Vamos fazer um trabalho em Brasília nos próximos meses, já que o clima está mudando tanto, para trazer o benefício para as regiões que não são do semiárido, mas vêm sofrendo com a estiagem”, revela.
Para evitar prejuízos, o produtor familiar tem ainda como opção fazer o seguro Proagro, indicado pelo agente financeiro quando ele se cadastra no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). “É importante o produtor saber que é melhor ter o seguro e não precisar usá-lo do que não ter o seguro e precisar dele”, ressalta o secretário.
Água – Em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente (Semat), a falta de água na zona rural também é acompanhada de perto. Os produtores poderão obter licenças na pasta para limpar cursos d'água, dar fundo em represas de pequeno porte, entre outras necessidades. Ainda foram criados bolsões para retenção de água da chuva em diversas estradas rurais e os produtores são aconselhados a criar curvas de nível nas propriedades.
“Nesta situação de clima instável, é importante o agricultor fazer o seguro agrícola. Outra coisa que sempre repito que é importante é fazer a reservação de água, proteger as nascentes, ser um produtor de água. Ter água está cada vez mais difícil, então é preciso fazer um bom aproveitamento. Também é importante estar atento aos relatórios climáticos a curto, médio e longo prazo”, finaliza Danilo.
Mariana Bananal (Estagiária de Jornalismo) 29/01/2015
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