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O prefeito Paulo Piau assinou, nesta terça-feira (20), o Decreto nº 6.135/20 que declara utilidade pública e de interesse social, em sua plenitude “o acervo patrimonial, composto de prédios, imóveis, anexos e respectivas benfeitorias que compõe a unidade do Colégio Cenecista Doutor José Ferreira. “Esse é um ato de responsabilidade do Poder Público Municipal para com uma escola que é referência, tendo uma história de formação de gerações em Uberaba”, disse.
Segundo o prefeito o ato é uma colaboração, em primeiro lugar, com a direção da Companhia Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC), “porque eles têm o Brasil inteiro para cuidar e estamos dando um sinal no sentido de que, para a municipalidade, é uma escola importante, histórica e de qualidade”. Por outro lado, o prefeito também dá uma satisfação para a comunidade que está insegura em relação ao futuro dos filhos. “Estamos juntos, para buscar uma solução que o Colégio continue aberto com a qualidade e importância que sempre teve”, salientou.
O chefe do Executivo solicitou ao procurador geral Paulo Salge que se debruçasse sobre o processo, para verificar a legalidade da utilidade pública, em razão dos desgastes sofridos por aquela instituição internamente, já que a crise reverbera fora de Uberaba, inclusive.
A assinatura do Decreto é considerada uma vitória importante pela Associação de Pais e Mestres do Colégio Zé Ferreira, com o objetivo primordial de tentar salvar o patrimônio, para que o CNEC não possa dispor daquele bem para cumprir outros compromissos financeiros. O presidente da APMZ, Marco Aurélio Luiz da Costa Júnior disse que o próximo passo é mais uma tentativa de negociação com a Direção, buscando melhores condições de ensino e funcionamento.
Outra idéia é buscar uma mantenedora que consiga fazer a gestão da escola, a exemplo do que acontece em outros estabelecimentos da rede. Caso contrário, admite que pretendem partir para a desapropriação para evitar a interdição do local.
Para 2021 o presidente destacou que, em que pese a Diretoria do CNEC afirmar que manterá o funcionamento normal, o que se percebe é uma grande evasão de alunos, além da falta de professores e estrutura mesmo no holme schoolling, conforme relatos de vários pais. Segundo ele “a situação é bem caótica hoje e por isso estamos lutando para manter a escola. Antes da pandemia eram 1.800 alunos, e agora está na casa dos 1.100, que a malha escolar do Município não conseguiria absorver”.
O vice-presidente da Associação, vereador Luiz Dutra considera que o decreto de utilidade pública é um reconhecimento de uma instituição de ensino conceituada no Município, com um dos melhores ensinos didáticos do país e, por isso, não pode perder essa condição. “O Colégio José Ferreira deixa um legado para médicos, dentistas, diversos profissionais liberais, que por ali passaram e fazem hoje um trabalho excepcional junto à população. Os alunos também devem dar continuidade ao mesmo trilho de qualidade”, sentenciou.
A mãe de aluna e ex-discente da escola, doutora em Saúde e neuropsicóloga, Liliane Cristina de Além Mar e Silva destacou a importância do Colégio na sua formação acadêmica e pessoal. De família que não tinha condição de arcar com uma educação formal, nos rigores e qualidade que o José Ferreira oferecia, “fomos abraçados pelo Colégio”. Ela ainda acrescentou que “hoje a minha obrigação agora é também abraçar essa escola e também a comunidade em defesa desse patrimônio, não apenas educacional, mas também cultural, para permanecer formando outras crianças como eu, minha filha e toda Uberaba”.
“Manter uma escola aberta é manter o viés da esperança”. A afirmação é da secretária municipal de Educação, Silvana Elias que desde o início abraçou a causa, tendo ido até Brasília com a comissão de representantes dos pais e mestres para tratar com a Direção do CNEC no ano passado. Para ela essa situação requer três fatores primordiais: sensibilidade para ver, não apenas enxergar, ter ética para agir e coragem para enfrentar a luta.
Jorn. Maria Cândida Sampaio
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