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Neste domingo, dia 15, será um dia histórico para Uberaba. Será um dia de homenagem a uma pessoa que realizou muito por Uberaba. Trata-se do Frei Eugênio Maria de Gênova, também conhecido como Padre Mestre, pelas obras que realizou no município. O prefeito Paulo Piau descobriu que a lápide original da sepultura do capuchinho Frei Eugênio estava no salão nobre da Faculdade de Direito da Universidade de Uberlândia (UFU) e determinou à presidente da Fundação Cultural, Sumayra Oliveira, que resgatasse a pedra, por ser um patrimônio que faz parte da história de Uberaba.
A Fundação conseguiu buscar a peça, que será instalada neste domingo, após celebração eucarística, na Igreja de Santa Teresinha, quando o prefeito e a presidente da Fundação Cultural farão a entrega oficial da lápide do religioso à paróquia, para ficar junto aos restos mortais de Frei Eugênio, que foi encaminhado para o local em 1965. A missa será às 19h, na Igreja de Santa Teresinha. Coincidentemente a entrega será na data em que completa 143 anos de sua morte.
Frei Eugênio realizou extensa obra em Uberaba, além da religiosa. Dentre as inúmeras obras, Frei Eugênio construiu o cemitério São Miguel, o maior da época, casas para a população, a Santa Casa de Misericórdia, abriu ruas, iniciou as obras sanitárias em Uberaba, projetou pontes, e a canalização do rio Uberaba para abastecer a cidade, trabalhou pela libertação dos escravos.
Capuchinho – Frei Eugênio nasceu em Oneglia, Província de Gênova, Itália, em 4 de novembro de 1812. Foi batizado com o nome João Batista Maberino, ingressou na ordem dos capuchinhos e tomou as ordens sacras em 1836, com o nome Frei Eugênio Maria.
Chegou ao Brasil em 1843, a mando do Papa Gregório XVI, como missionário capuchinho. Ficou dois anos no Rio de Janeiro, foi para Cuiabá catequizar a cidade, vilas e aldeias e para Pitangui (MG). No dia 12 de agosto de 1856 Frei Eugênio chegou a Uberaba, abriu a Santa Missão e iniciou a construção do cemitério de São Miguel que ficou pronto em dois anos, com a ajuda de fiéis e uberabenses. O Cemitério São Miguel funcionou por 44 anos, de 1856 a até 1900. Foram enterrados neste período cerca de 4.400 pessoas. Foi interditado depois da construção do Cemitério Municipal, na época conhecido por Cemitério do Brejinho, atual São João Batista. Em 1917, Monsenhor Inácio Xavier da Silva, no governo do Município, demoliu a capela e suas muralhas.
Frei Eugênio projetou ainda a construção de uma ponte sobre o rio Grande, no Porto de Ponte Alta, em direção a Uberaba, no intuito de ligar o litoral a Província de São Paulo às de Minas, Goiás e Mato Grosso. Pretendia outra ponte no rio Paranaíba. Abriu ruas, fez estudos para canalizar as águas do rio Uberaba, para o abastecimento da cidade, as mesmas cujos estudos a Câmara Municipal incumbiu o engenheiro Ataliba Vale de construir. Anotava os fenômenos meteorológicos e fatos da cidade. Com a chegada de Frei Eugênio a Uberaba, vieram pessoas de outras localidades, aumentando a população, as concessões de terras, novas casas foram construídas, foram abertos mais de 17 negócios e a Igreja em Uberaba ganhou um novo impulso. Vários oratórios e irmandades surgiram neste período.
Santa Casa – Em 1858, requisitou à Câmara Municipal de Uberaba licença para construção de uma casa de caridade em um terreno denominado Largo do Rancho, hoje bairro da Abadia, onde está construído o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. A Câmara concedeu o terreno e Frei Eugênio iniciou imediatamente as obras da Santa Casa de Misericórdia. Junto à comunidade recolheu donativos, como peças de ouro como rosários, relicários, cordões, moedas do Império e de Portugal, peças de prata e materiais de construção. Frei Eugênio também conseguiu junto à Câmara autorização para construir um açude nas imediações do hospital. O local não possuía água suficiente para a demanda da construção. O açude, além da construção, favoreceu toda a população que vivia nos arredores e sofria com a falta de água. Também construiu uma casa destinada à administração, na praça Dr. Tomas Ulhôa, esquina com a rua Frei Paulino. De 1921 a 1934, quando foi inaugurado o segundo prédio da Santa Casa de Misericórdia, a casa serviu para internação dos pacientes. Entre 1862 e 1863, por conta da epidemia de varíola no país, às pressas foi preparada uma ala do prédio em que a construção estava mais adiantada, para receber os doentes e em 1865 uma ala do hospital abrigou as tropas do Corpo Expedicionário que aqui se aquartelaram a caminho de Mato Grosso para a Guerra do Paraguai durante 45 dias.
A construção da Santa Casa da Misericórdia foi agigantando-se, um grande prédio foi surgindo para os parâmetros do período. Porém, Frei Eugênio faleceu em 14 de junho de 1871, vítima de angina, aos 59 anos de idade, sem ver sua obra concluída. Seu sepultamento foi considerado o maior em termos de acompanhamento por aqueles tempos, cerca de 4.000 pessoas seguiram o funeral. Todos os seus bens foram considerados patrimônio da Santa Casa, dinheiro, objetos valiosos das doações e livros. Tudo que foi arrecadado foi como donativo para a finalização da Santa Casa.
No outro dia, à noite seu corpo foi levado à Capela de São Miguel e sepultado, vestido com o mesmo hábito que, dizia ele, tinha prestado o voto na ordem. Sobre a sepultura de Frei Eugênio foi colocada uma lápide com a seguinte inscrição: “Sepultura do Missionário Apostólico. O Rmo. Pe. Me. Fr. FREI EUGÊNIO MARIA DE GÊNOVA. Falecido a 15 de junho de 1871.
“Esta lápide que será instalada ao lado dos restos mortais de Frei Eugênio, na igreja de Santa Teresinha, resgata parte da história de Uberaba”, diz Sumayra Oliveira.
Vale lembrar que sua morte ocorreu no dia 14 de junho, mas o costume da época era registrar o falecimento na lápide no dia do sepultamento.
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